No sertão onde eu morava no tempo da mocidade
Trabalhava na fazenda e não tinha liberdade
O patrão tinha uma filha, era linda de verdade
Apesar de muito rica tomava banho de bica
No riacho toda tarde
Quando eu fiquei sabendo escondido ia espiar
Ver aquela formosura toda nua a se banhar
Chegava a secar os olhos de tanto nela olhar
Eu detrás do pé de angico achava tudo bonito
A vontade era estar lá
Um dia de tardezinha para lá eu saí correndo
E ela tomando banho não viu que estava chovendo
Uma enchente traiçoeira pelo rio ia descendo
Veio de encontro com ela, arrastou o corpo dela
Já estava quase morrendo
Eu saltei desesperado do barranco onde eu estava
Peguei ela nos meus braços já quase não respirava
Fiz massagem e boca a boca lentamente ela voltava
Retomando a consciência com toda a sua inocência
Para mim ela perguntava
O que foi que aconteceu, o que está fazendo aqui
E cadê a minha roupa eu tenho que me vestir
A enchente levou embora para ela eu respondi
Venha comigo e me abraça eu vou te levar para casa
Sozinha não pode ir
Chegamos na casa dela já estava no fim do dia
O pai dela quando viu perguntou o que acontecia
Eu tentando explicar e furioso ele dizia
Já que viu o corpo dela vai ter que casar com ela
Era tudo o que eu queria
Reconheço o meu erro e a minha covardia
Mas se eu não tivesse lá com certeza ela morria
Até a má intenção às vezes tem serventia
Hoje tenho aquela prenda sou herdeiro da fazenda
E querido da família